Mãe tem seus dois filhos sequestrados pela sogra
Enquanto milhares de pessoas encaram a chegada de 2013 como um
recomeço em suas vidas, para a promotora de eventos Rosane Azeredo
Coutinho, de 27 anos, ele é a continuação de um sofrimento que já dura
um ano e sete meses. Esse é o período de tempo que ela está sem ver seus
dois únicos filhos, Rennan e Lorran Coutinho Valverde de Amorim, de 8 e
6 anos, respectivamente. Segundo Rosane, as crianças viajaram para a
França com a avó e a tia paternas - o pai dos meninos morreu há quatro
anos - e não voltaram mais para casa.
- A gente vai vivendo. Mas é difícil. Sinto muita falta deles - disse ela.
O
drama da promotora de eventos começou em 15 de maio de 2011, quando os
filhos saíram de casa, em Niterói, na Região Metropolitana, para viajar a
passeio com a avó Alba Marisa Silva Bispo Valverde, de 53 anos, e a tia
Raquel Bispo Valverde Amorim, de 25. A data marcada para a volta era 15
de junho daquele ano. Mas isso não aconteceu. Rosane, então, entrou em
contato com o telefone que tinha do lugar onde as crianças estavam.
-
Mas ninguém dizia nada, só recebia respostas evasivas. Até que eu
outubro, falei com os meninos pela última vez. Eles choravam e a minha
sogra disse que não iria voltar, que ficaria morando lá. Mesmo assim,
resolvi mandar as passagens para eles viajarem de volta - contou ela.
Junto com as passagens, de acordo com a promotora de vendas,
ela enviou a documentação autorizando que Rennan e Lorran viajassem
sozinhos. Mas toda a papelada foi devolvida 20 dias depois. E, desde
então, ela não conseguiu mais contato com os meninos e as duas mulheres.
-
Eu procurei a bisavó paterna das crianças na casa dela, que é em
Niterói também, mas não consegui informação alguma. Ninguém fala nada e
eu vivo nesse desespero - disse.
Segundo Rosane, a viagem de 2011
foi a segunda que Rennan e Lorran fizeram com a tia e a avó. Em 2009,
eles já haviam ido para a Suíça:
- E correu tudo bem, por isso não
hesitei em deixá-los ir novamente. Também não houve briga que
justifique o que elas fizeram. Sempre me dei bem com a minha sogra. Eu a
considerava como uma mãe. Depois que meu marido morreu, ficamos ainda
mais ligadas.
A promotora de vendas contou ter certeza de que os filhos estão vivos.
- Sei também que eles não estão sofrendo violência. Mas é maldade mantê-los longe da mãe - disse ela.
Página no Facebook
Desde o
desaparecimento dos filhos, Rosane vem usando as redes sociais para
denunciar o caso e também pedir informações que possam ajudar a
localizar os dois. No Facebook, ela criou o perfil “Volta Rennan e
Lorran” (sic).
Lá, a promotora de eventos postou fotos dos filhos
em diversos momentos. Segundo Rosane, essa é também uma forma de se
sentir próxima às crianças:
- Se pudesse, queria falar para eles:
“A mãe está esperando vocês”. Mantenho o quartinho deles arrumado do
jeitinho que estava quando foram viajar.
Investigação
Em
novembro de 2011, a promotora de eventos procurou a Polícia Federal
para registrar o caso, que foi encaminhado para a Delegacia da Criança e
do Adolescente Vítima (Dcav), da Polícia Civil. O delegado Marcello
Braga Maia, titular da especializada, disse que Alba Marisa e Raquel são
suspeitas de sonegação de incapaz — cuja pena varia entre detenção de
um mês a um ano ou pagamento de multa.
- Não é sequestro porque a mãe autorizou a viagem. Mas não que as crianças permanecessem lá - contou Marcello.
O
delegado informou que já envivou ofícios ao Itamaraty e ao Consulado
Francês para saber foi tomada alguma providência sobre o caso de Rosane —
ela disse ter procurado os dois órgãos.
- Aguardamos uma resposta para saber que direção tomar na investigação - disse Marcello.
Rosane
já recebeu uma carta do governo francês sugerindo que ela faça contato
com a Justiça daquele país para tentar fazer uma conciliação com Alba
Marisa e Raquel, mas a promotora de vendas ainda não envivou resposta.
A mãe também fez um pedido de busca e apreensão na Vara da Família de Niterói, mas a solicitação ainda não foi julgada.
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