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PMDB adia reunião que pode discutir saída do governo

O vice-presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), afirmou nesta terça-feira (20) ao G1 que o partido decidiu adiar para março de 2016 o congresso nacional extraordinário que faria em novembro deste ano para, entre outros assuntos, discutir o eventual rompimento com o governo Dilma Rousseff. A direção peemedebista aproveitará a convenção nacional da legenda, agendada para março, para tratar do fim da aliança com o PT.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem defendido o fim da aliança com o PT desde que rompeu oficialmente com o Palácio do Planalto, em julho deste ano. Desde então, ele passou a defender abertamente que o PMDB desembarque da gestão petista, entregando os ministérios que comanda atualmente.
Segundo o G1 apurou, caciques do PMDB – incluindo o vice-presidente Michel Temer – avaliaram que, se mantivessem o congresso extraordinário para o dia 15 de novembro, o partido poderia estimular as manifestações de rua contra o governo marcadas para a mesma data.
Inicialmente, o encontro para tratar da eventual saída do governo estava marcado para agosto, porém, foi transferido para novembro. Na época em que a direção confirmou o primeiro adiamento da reunião, Cunha já havia criticado a cúpula peemedebista, afirmando que o PMDB “empurra com a barriga” a decisão sobre romper com PT.
Segundo Raupp, em vez do congresso extraordinário, o partido vai realizar em novembro apenas um seminário promovido pela Fundação Ulysses Guimarães, ligada ao PMDB. O vice-presidente da legenda justificou o adiamento do encontro a dificuldades logísticas para organizar o evento que deve reunir até 5 mil peemebedebistas.
“Não vai ter mais o encontro deste ano, apenas um seminário da Fundação Ulysses Guimarães. A informação que tive é que não está fácil organizar o encontro [extraordinário do PMDB], até porque tem de juntar de 4 mil a 5 mil pessoas. Eu já fui presidente do PMDB e, realmente, não é fácil organizar encontro assim, tem de ter dedicação”, alegou Raupp.
“Até preocupado com a questão do quórum, o partido preferiu transformar o encontro de novembro em um seminário da fundação e deixar para março do ano que vem o encontro nacional, no qual nós comemoraremos os 50 anos de fundação do PMDB”, acrescentou o vice-presidente do partido.
Desde o início do ano, a bancada do PMDB na Câmara – que integra oficialmente a base aliada a Dilma – tem votado de forma independente das orientações do Palácio do Planalto, comandando algumas das principais derrotas da presidente da República no Congresso Nacional.
Para tentar evitar que o distanciamento do PMDB com o governo aumentasse, Dilma entregou na última reforma ministerial o comando do Ministério da Saúde – dono de um dos maiores orçamentos da Esplanada dos Ministérios – à bancada peemedebista da Câmara. Além disso, a petista aumentou o espaço do partido no primeiro escalão de seis para sete pastas.
Apesar das pressões de Eduardo Cunha para que o PMDB desembarque no governo Dilma, o vice-presidente da legenda minimizou o movimento interno que defende o rompimento oficial. Para Raupp – que integra a bancada do partido no Senado – as divergências internas não são novidade na sigla governista.
“O PMDB sempre faz isso nos encontros, deixa todo mundo discursar e, naturalmente, alguns explicitam as divergências com o governo. Aliás, sempre teve divergências entre os que apoiam e os que não apoiam o governo, mas isso não é novidade – na convenção do ano passado isso pode ser vito, esta divisão. Portanto, vamos deixar para março do ano que vem o encontro do partido e nele vamos debater os rumos do PMDB”, concluiu.
Decisão ‘acertada’
Ao G1, o líder do PMDB na Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ), considerou que a decisão do partido de adiar para março do ano que vem o encontro que trataria da eventual saída do governo foi “acertada”. Na visão dele, o ambiente correto para tomar decisões é a convenção nacional.
“Acho que foi uma decisão acertada porque a convenção é que tem poderes de tomar decisões e é onde pode-se fazer um debate com mais efetividade. No congresso [de novembro], os participantes não teriam esta possibilidade, seriam somente discussões, sem decisões”, argumentou.
Para o líder do PMDB, o adiamento não pode ser considerado como uma forma de o governo “ganhar tempo” para se aproximar da legenda. Na avaliação dele, desde que a reforma ministerial foi implementada, já há esse tipo de aproximação entre o Planalto e o PMDB.
“Eu acho que o PMDB já vem se aproximando do governo, até porque faz parte do governo na medida em que comanda a Vice-Presidência, tem vários ministérios e compõe a base aliada no Congresso Nacional. É dessa forma que eu vejo hoje a relação do PMDB com o governo”, acrescentou.
G1

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