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Ataques a bancos prejudicam comércio no interior; instituições se calam



Os casos recorrentes de ataques a sedes de instituições financeiras no interior da Paraíba têm prejudicado o comércio nas cidades alvos de criminosos. Muitas vezes obrigados a viajar a outras cidades para sacar dinheiro, moradores acabam preferindo voltar para suas casas já com as compras do mês.
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Clea Queiroz é operadora de caixa em um mercadinho na cidade de Gurjão, cuja agência dos Correios e Telégrafos foi violada por bandidos no dia 8 de janeiro deste ano. Ela contou ao Portal Correio que notou redução nas compras realizadas no estabelecimento. “As opções de bancos são poucas por aqui, então ataques assim sempre prejudica muito a todos”, lamenta.
Além do comércio voltado para o setor alimentício, o problema tem afetado farmácias. Em Gurjão, uma atendente contou que o prejuízo só não é maior porque o pagamento a fornecedores é feito por meio de boletos. “O número de clientes caiu sim. Algumas pessoas têm comprado medicamentos em outras cidades. A situação só não é pior porque não trabalhamos com cartões de crédito e pagamos nossos fornecedores por boleto, que podem ser pagos em lotéricas”, diz a funcionária, que preferiu não ter o nome divulgado.
Em Caldas Brandão, onde uma agência do Bradesco foi explodida no dia 11 de fevereiro, a balconista de uma farmácia relatou sempre que há problemas com cartões de crédito de clientes é necessário viajar para Mari. “É uma viagem curta, leva entre 15 e 20 minutos, mas quebra nossa rotina. Não sabemos quando o banco daqui voltará a funcionar, isso nos prejudica muito”, lamentou ela, que também pediu para não ter ser identificada na matéria.
De acordo com levantamento feito pelo Sindicato dos Bancários na Paraíba, já foram alvos de bandidos em 2018 bancos nas cidades de Alagoa Grande, Boqueirão, Cabedelo, Campina Grande, Santa Rita, São José da Lagoa Tapada, Taperoá, Mogeiro, Caldas Brandão, Salgado de São Félix, Dona Inês e Pirpirituba. Foram 16 ocorrências, entre explosões e arrombamentos. Bradesco e Banco do Brasil são os mais vulneráveis, com sete e cinco casos, respectivamente.
Ainda segundo o sindicato, falta um sistema de segurança efetivo nessas agências. O fato do contingente policial ser reduzido em cidades do interior torna municípios menores ainda mais suscetíveis à rota dos bandidos. São muito comuns casos de cidades sitiadas por bandidos, em ações que incluem moradores feitos reféns e sedes de polícias Militar e Civil cercadas.
Profissionais que deveriam combater os ataques acabam ficando acuados, devido ao baixo poder de fogo que lhes é disponibilizado e também por estarem em um número menor de pessoas em comparação aos membros das quadrilhas especializadas nesse tipo de crime. No dia 21 de fevereiro, uma viatura da PM em Salgado de São Félix foi atingida por tiros e os ocupantes não tiveram como reagir. A única forma de preservar suas vidas foi fugindo para a Zona Rural do município, enquanto cerca de 20 bandidos detonavam explosivos em prédios do Banco do Brasil e dos Correios e Telégrafos,  provocando terror aos moradores da cidade.
Sem respostas
Procurada pelo Portal Correio, a assessoria de comunicação do Banco do Brasil disse que não há autorização para informar o número de agências fechadas por conta de explosões, nem a previsão de reativação dos prédios. A instituição também se negou a divulgar a lista de cidades onde unidades estão funcionando sem circulação de numerários.
“Nessas localidades, a população pode recorrer aos Correios ou aos correspondentes bancários MaisBB, então não há completa desassistência”, amenizou a assessoria de comunicação.
A unidade que faz o gerenciamento regional do Bradesco afirmou não ter o levantamento de agências fechadas e atribuiu ao Sindicato dos Bancários o acompanhamento desses dados. A entidade, no entanto, já havia explicado ao Portal Correio que não tem autoridade para isso.
“O Sindicato apenas contabiliza os casos, mas não é autorizado pelos bancos a realizar esse acompanhamento mais efetivo”, disse a assessoria.

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