Bolsonaro aposta em outras legendas para garantir palanque nos estados
Correligionários de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) têm procurado outros
partidos para garantir palanques nos estados para o deputado, que
tentará chegar à Presidência da República em outubro.
De acordo com integrantes da sigla de Bolsonaro, as possibilidades de alianças incluem legendas como MDB, PP, DEM, PSD e PRP.
Partidos como o PR cogitam fazer aliança nacional para pegar carona na popularidade de Bolsonaro e fazer uma bancada expressiva.
Eleger um número significativo de deputados e senadores garante, além
de poder político, acesso a maior volume de recursos públicos para
atividades partidárias.
Bolsonaro delegou a formação das alianças ao comando do partido nos
estados e minimiza a importância de ter palanques fortes pelo país.
"Com um caixão de madeira eu faço meu palanque. Não precisa de
palanque. Se tiver, tudo bem. Mas eu tenho o que eles não têm", disse
Bolsonaro à reportagem, pouco antes de fazer fotos com um grupo de
estudantes que o esperava no Salão Verde da Câmara.
O PSL não sabe ao certo quantos candidatos a governador terá pelo
país. Por enquanto, dá como certas candidaturas próprias em pequenos
colégios eleitorais.
No Acre, lançará o policial militar Coronel Ulysses Araujo e em Roraima, o empresário Antônio Denário.
Em São Paulo, estado com o maior número de eleitores do país, o PSL
ainda não decidiu se vai lançar candidatura própria, apesar de, segundo o
presidente regional da legenda, deputado Major Olímpio, ter duas
opções: o empresário Frederico D'Ávila e a advogada Janaína Paschoal.
Produtor rural, D'Ávila foi assessor do ex-governador Geraldo Alckmin
(PSDB-SP), que disputará com Bolsonaro o Palácio do Planalto. Ele é
irmão do coordenador de comunicação da pré-campanha do tucano, o
cientista político Luiz Felipe D'Ávila.
D'Ávila avalia que o agronegócio está fechado com a pré-candidatura
de Bolsonaro porque o isolamento do deputado do PSL-RJ permite que ele
assuma posições defendidas pelo setor, como o reforço da segurança no
campo contra roubos e invasões.
Janaína Paschoal ganhou fama ao apresentar o pedido de impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff. A advogada também é cotada para ocupar a
vice da chapa presidencial.
O apoio a candidaturas de outros partidos é uma possibilidade, mesmo
que isso exija palanques duplos. Olímpio diz descartar apenas aliança
com o ex-prefeito João Doria (PSDB), com o governador de São Paulo,
Márcio França (PSB), e, obviamente, com o PT, partido alvo do maior
número de críticas da família Bolsonaro.
O presidente da sigla no estado diz que Paulo Skaf (MDB) é o pré-candidato que ele vê com "menos restrições".
O comando do MDB de São Paulo diz desconhecer conversas entre as duas legendas, mas afirma que o apoio é bem-vindo.
Em troca, o PSL oferece a popularidade de Bolsonaro, que aparece
empatado com Marina Silva (Rede) em primeiro lugar em todos os cenários
do Datafolha sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje preso
em Curitiba.
O partido de Bolsonaro também apresenta candidatos ao Senado com
potencial de votos. Em São Paulo, a legenda escolherá entre o próprio
Olímpio -14º deputado mais votado em 2014, com 179.196 votos- e a
jornalista Joice Hasselmann, que comanda um canal de análises políticas
com viés de direita no YouTube, com mais de 600 mil inscritos.
"É natural que, onde não houver candidato a governador [pelo PSL],
aqueles que se identificam com a proposta liberal do Bolsonaro estarão
nos apoiando", diz Luciano Bivar, presidente licenciado do PSL.
Em alguns estados, como Pernambuco, brotam candidaturas de outras
siglas com bandeiras semelhantes às defendidas por Jair Bolsonaro.
"Bandidos e traficantes, arrumem as malas porque, em 2019, é cadeia
ou cova", diz em um vídeo o PM reformado Luiz Meira, o Coronel Meira
(PRP-PE).
No Rio de Janeiro, estado de Bolsonaro, o partido também não deve
lançar candidato ao governo e pode apoiar a candidatura do deputado
federal Índio da Costa (PSD).
No Paraná, o PSL negocia com o deputado estadual Ratinho Júnior (PSD)
e com Cida Borghetti (PP), que assumiu o governo do estado no início de
abril, quando o então governador, Beto Richa (PSDB), deixou o cargo
para concorrer a uma vaga no Senado.
Em troca, o partido quer uma das vagas de candidato ao Senado para o deputado federal Delegado Francischini.
Mas a possibilidade de uma aliança com o PP, partido com alto número
de integrantes investigados na Operação Lava Jato, gera incômodo entre
os correligionários de Bolsonaro, que alardeia discurso anticorrupção.
"O reflexo de algo feito no estado pode ser pernicioso para todos nós", afirma Major Olímpio. Com informações da Folhapress.
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