Exposição artística recebe voto de repúdio de vereadores e tem obras retiradas em JPessoa
Exposição
‘Sui Generis’ de três jovens artistas plásticos paraibanos, em cartaz
na Usina Cultural Energisa em João Pessoa, gerou polêmica e motivou um
voto de repúdio na Câmara de Vereadores da capital paraibana. Após o
início da exposição, iniciada no dia 3 de maio na galeria Alexandre
Filho, três das obras expostas foram removidas, coincidentemente, uma
delas esteve no centro no debate e foi criticada por supostamente conter
uma ofensa religiosa.
O jovem artista paraibano, Kai Oliveira, de 18 anos, explicou que a
obra em si foi retirada após uma conversa com a curadoria ainda no
primeiro dia da exposição. A pintura feita pelo artista apresenta um
corpo nu e a mensagem “tomai todos e comei: este é o meu corpo”. O traço
antropomorfizado em si não apresenta erotismo, porém a mensagem, que
remete ao um trecho citado no ato da comunhão católica, foi responsável
pela revolta de parte dos visitantes.
Ainda de acordo com Kai Oliveira, a conversa com a curadoria da
exposição ocorreu justamente após a visita de um professor com uma turma
de estudantes. O professor atentou para o fato de não existir uma
adequação etária. A retirada das obras se deu, também, para que a
exposição não fosse enquadrada na classificação etária para maiores de
18 anos.
“Aquele espaço é muito frequentado por escolas, às vezes as turmas são
de crianças e pela falta de preparo dos professores em explicar o que
está escrito e dar uma interpretação sobre aquilo, a gente decidiu tirar
algumas obras que tinham coisas escritas e colocar uma recomendação
etária que seguisse os padrões sugeridos pelo Ministério da Justiça ”,
explicou o artista.
Após a retirada das obras, a vereadora Eliza Virgínia (PP) apresentou
um requerimento de voto de repúdio contra a exposição Sui Generis na
terça-feira (8). Outros vereadores Thiago Lucena (PMN), Carlão (PSDC) e
Raíssa Lacerda (PSD) também assinaram o requerimento. Em sua
justificativa, a parlamentar explicou que exposição apresenta imagens de
conteúdos pornográficos e sem classificação indicativa, envolvendo
textos bíblicos e ofendendo a bíblia.
“A exposição fere amplamente o respeito ao culto religioso ao equiparar
a Sagrada Eucaristia a conteúdos de cunhos pornográficos. Não há dúvida
que o presente desenho possui o intuito de ridicularizar a bíblia,
caracterizando um vilipêndio a ato de cunho religioso”, argumentou a
vereadora.
O requerimento do voto de repúdio recebeu aprovação da maioria dos
parlamentares presentes, com apenas um voto contrário, do vereador
Tibério Limeira (PSB). Na justificativa do voto, a maioria dos
parlamentares comentaram que a imagem do artista teriam conteúdo
depreciativo, pornográfico, desonra à sagrada eucaristia, às passagens
bíblicas e vilipêndio a imagens sacras.
“Agradeço a todos os meus pares pela aprovação do Voto de Repúdio à
exposição. Estamos vivendo uma inversão de valores. Isso é um ataque.
Esse artista vilipendia um texto sagrado conhecido mundialmente. É uma
afronta à família brasileira”, declarou Eliza Virgínia.
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