Temer diz não ter medo de ser preso ao deixar o cargo
O presidente Michel Temer
afirmou nesta segunda-feira (7), em entrevista veiculada pela rádio
CBN, que não tem medo de ser preso quando deixar o cargo, acrescentando
que isso seria uma "indignidade".
Alvo
de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), Temer deu a
declaração ao ser questionado sobre reportagem da "Folha de S. Paulo"
segundo a qual procuradores avaliam adotar medidas contra o presidente
quando ele deixar o Palácio do Planalto.
"Não
temo, não [ser preso]. Não temo. Seria uma indignidade e lamento
estarmos falando sobre isso. Eu prezo muito a instituição Ministério
Público que, aliás, teve em mim um dos principais suportes", declarou.
Em um dos inquéritos, Temer é investigado por suposto recebimento de propina na edição do decreto dos portos para, em troca, beneficiar uma empresa – ele nega a acusação.
No outro inquérito, são investigados os indícios de pagamento de propina pela Odebrecht na Secretaria de Aviação Civil, comandada pelo MDB entre 2013 e 2015.
Mais cedo, nesta segunda, o ministro Luís Roberto Barroso, relator do inquérito dos portos no Supremo Tribunal Federal.
Na
avaliação do presidente, nesse inquérito, o crime já foi "derrubado".
"É um inquérito para investigar um assassinato que não tem cadáver",
acrescentou.
À
noite, nesta segunda, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos
Marun, disse "desconfiar" que o inquérito foi prorrogado para prejudicar
a imagem do governo. "Espero que não tenha sido esse o objetivo
(sangrar o governo), apesar de desconfiar disso. Entendo que qualquer
pedido de prorrogação deveria vir acompanhado do artigo onde a tal
empresa foi beneficiada", declarou.
Foro privilegiado
Sobre o foro privilegiado, o presidente afirmou nesta segunda que essa discussão não o "preocupa".
Na semana passada, o STF
a casos relacionados ao exercício do mandato e em função do cargo. O
Supremo não analisou a abrangência do foro para outras autoridades, como
presidente da República, por exemplo.
"É
uma discussão que não me preocupa e, interessante, não deveria
preocupar ninguém. [...] Eu acho que, para quem comete o delito, talvez o
primeiro grau seja mais importante em face do número infindável de
recursos que você pode apresentar", declarou o presidente.
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