Governo projeta economia de R$ 1 trilhão com reforma da Previdência
O ministro da Economia, Paulo Guedes,
disse hoje (5), em Brasília, que a proposta de reforma da Previdência do
governo projeta uma economia de pelo menos um R$ 1 trilhão, em um
período de 10 anos. A afirmação foi feita em entrevista coletiva ao lado
do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Os dois se
reuniram no gabinete de Guedes para tratar da tramitação da reforma e
Maia chegou a dizer que o tema poderá ser votado pelos deputados até maio.
"A ideia é que ela [a reforma] chegue
pelo menos a R$ 1 trilhão [de economia de gastos]. Simulamos com 15
anos, com 20, com 10. O valor de R$ 1 trilhão é para 10 anos, mas há
simulações em que é R$ 1 trilhão em 15 anos também, de valor presente.
Isso é o que está sendo calibrado", afirmou o ministro. Ele voltou a
criticar o atual sistema previdenciário que, segundo ele, aprofunda
desigualdades sociais e contribui para o desemprego.
"São 96 milhões de brasileiros
economicamente ativos, e 46 milhões não contribuem, e vão envelhecer.
Então, eles vão quebrar a Previdência. Nosso desafio é não só salvar a
Previdência antiga, como impedir que ela seja um mecanismo perverso de
transferência de renda, como ao mesmo tempo livrar as futuras gerações
da armadilha em que essas gerações passadas, as nossas, caíram, que foi
produzir um sistema que piora a desigualdade e destrói empregos em
massa. São dezenas de milhões de empregos destruídos, por financiamento
equivocado, uma série de defeitos que ela tem", acrescentou.
Paulo Guedes disse que pediu a Rodrigo
Maia um rito democrático para a tramitação da medida na Câmara e
revelou que o governo teria até três versões alternativas da proposta,
cuja palavra final será do presidente Jair Bolsonaro. "Nós já temos duas
ou três versões alternativas, simuladas com os números. Ele [Bolsonaro]
chegando, a gente entrega, ele bate o martelo e a coisa entra no
processo", disse.
Idade mínima
Perguntado sobre o estabelecimento de
uma idade mínima única de 65 anos para homens e mulheres, conforme o
trecho vazado ontem (4), do que seria uma das propostas do governo,
Guedes reforçou que a decisão final é do presidente da República.
"Vocês sabem que a posição, por
exemplo, do deputado Rodrigo Maia, é que fosse iguais [as idades mínimas
de aposentadoria], porque as mulheres têm, inclusive, uma expectativa
de vida mais longa. Só que a posição do presidente Bolsonaro sempre foi
que não, que as mulheres deviam ficar com uma idade menor. E foi o que o
general Mourão falou hoje, que a palavra final nisso é do presidente,
porque ele que asina a PEC [proposta de emenda constitucional]. Nós
vamos ser mais precisos muito brevemente", acrescentou.
Caso a idade mínima seja 62 anos para homens e 57 para as mulheres, como chegou a mencionar o próprio presidente,
no mês passado, Paulo Guedes disse que a economia seria menor do que R$
1 trilhão. Nesse cenário, no entanto, as regras de transição poderiam
ser mais rígidas para a atual geração.
"O presidente chegou a dizer 57 para
mulheres e 62 para os homens. E o próprio deputado Rodrigo Maia disse,
na época, que a transição teria que ser mais estreita, mais rápida. Nós
simulamos isso também, fizemos com números. Favorece muito o nosso
governo, mas não é generosa o suficiente para quem estava na iminência
[de se aposentar]", comentou.
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