Polícia Civil realiza operação para prender envolvidos com o jogo Baleia Azul, em João Pessoa
A Polícia Civil do Rio de Janeiro
realiza na manhã desta terça-feira (18) uma operação no RJ e em outros
oito estados, entre eles a Paraíba, contra o jogo da Baleia Azul, uma
corrente que tenta induzir virtualmente seus participantes, a maioria
menores de 16 anos, ao suicídio através de 50 desafios. Uma pessoa foi
presa. Matheus Silva, de 23 anos, foi preso pelos agentes na favela Nova
Era, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Ele confessou aos policiais
que era um dos “curadores” do jogo.
Na Paraíba, a Polícia Civil cumpriu um
mandado de busca e apreensão em um condomínio no bairro Cabo Branco, em
João Pessoa. Uma pessoa foi detida e levada a para a sede do GOE.
Sob
comando da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), são
24 mandados de busca e apreensão no Amazonas, Minas Gerais, Pará,
Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e
Sergipe, além de um mandado de prisão a ser cumprido no Rio de Janeiro.
O
jogo da Baleia azul não existe oficialmente. Não há um site ou coisa
assim. É uma iniciativa de criminosos que usam as redes sociais para
impor desafios macabros a crianças e adolescentes. Um grupo de
organizadores, chamados “curadores”, propõe uma sequência de missões que
envolvem isolamento social, automutilação e suicídio.
Segundo
a Safernet (associação que combate violação de direitos humanos na
internet), ele surgiu de uma notícia falsa na Rússia que se espalhou a
partir de 2015. Desde abril, a DRCI investiga várias pessoas que
estariam relacionadas aos crimes envolvendo o Baleia Azul.
Os
mandados foram expedidos pelo juiz Alexandre Abrahão, da 1ª Vara
Criminal, e o objetivo é identificar e prender supostos “curadores” do
jogo, que chegou a causar ferimentos em vítimas no Rio e tem ligação
suspeita com casos no Mato Grosso e na Paraíba. Algumas vítimas, ao
tentarem deixar o jogo, são ameaçadas por essas pessoas.
Recomendações
As
recomendações para as famílias são: monitorar o uso da internet,
frequentar as redes sociais dos filhos, observar comportamentos
estranhos e, sobretudo, conversar e conscientizar os adolescentes a
respeito das consequências de práticas que nada têm de brincadeira.
Atenção redobrada com os jovens que apresentem tendência a depressão,
pois eles costumam ser especialmente atraídos por jogos como o da Baleia
Azul.
Também
as escolas devem colocar o assunto em pauta e incorporar no currículo,
cada vez mais, a educação para a valorização da vida, o respeito pela
vida dos outros e o uso consciente das mídias e tecnologias.
O G1 ouviu especialistas que dão dicas de como lidar com o tema:
1. Fique atento às mudanças de comportamento
Uma
mudança brusca de comportamento pode ser sinal de que a criança ou o
adolescente esteja sofrendo com algo que não saiba lidar, segundo
Elizabeth dos Reis Sanada, doutora em psicologia escolar e docente no
Instituto Singularidades.
“Isolamento,
mudança no apetite, o fato de o adolescente passar muito tempo fechado
no quarto ou usar roupas para se esquivar de mostrar o corpo são pistas
de que sofre algo que não consegue falar”, destacou a especialista.
2. Compartilhe projetos de vida
Para
entender se a criança ou adolescente está com problemas é fundamental
que os pais se interessem por sua rotina. Elizabeth reforça que este
deve ser um desejo genuíno, e não momentâneo por conta da repercussão do
“Jogo da Baleia Azul”.
“Os
pais devem conhecer a rotina dos filhos, entender o que fazem, conhecer
os amigos”, afirma a Elizabeth. Ela lembra que muitos adolescentes
“falam” abertamente sobre a falta de motivação de viver nas redes
sociais. Aos pais cabe incentivar que os filhos tenham projetos para o
futuro, tracem metas como uma viagem, por exemplo, e até algo mais
simples, como definir a programação do fim de semana.
3. Abra espaço para diálogo
Filhos
devem se sentir acolhidos no âmbito familiar, por isso, Elizabeth
reforça que é necessário que os pais revertam suas expectativas em
relação a eles. “É preciso que o adolescente se sinta à vontade para
falar de suas frustações e se sinta apoiado. Se ele tiver um espaço para
dividir suas angústias e for escutado, tem um fator de proteção”.
Angela
Bley, psicóloga coordenadora do instituto de psicologia do Hospital
Pequeno Príncipe, diz que o adolescente com autoestima baixa, sem
vínculo familiar fortalecido é mais vulnerável a cair neste tipo de
armadilha.
“O
que tem diálogo em casa, não é criticado o tempo todo, tem autoestima
melhor, tem risco menor. Deixe que ele fale sobre o jogo, o que sente, é
um momento de diálogo entre a família”, ressaltou a especialista.
Angela
reforça que muitas vezes o adolescente não tem capacidade de discernir
sobre todo o conteúdo ao qual é exposto. “Por isso é importante o
diálogo franco. Não pode fingir que esse tipo de coisa não existe porque
ele sabe que existe.”
4. Adolescentes devem buscar aliados
O
adolescente precisa buscar as pessoas em que confia para compartilhar
seus anseios, seja no ambiente escolar ou familiar, segundo as
especialistas. “Que ele não ceda às ameaças de quem já está em contato
com o jogo e entenda que quem está a frente deles são manipuladores”,
conta Elizabeth.
5. Escolas podem criar iniciativas pela vida
Assim
como a família, as escolas podem ajudar a identificar situações de
risco entre os alunos. “Não é qualquer criança que vai responder ao
chamado de um jogo como esse, são os que têm situações de
vulnerabilidade. A escola ajuda a construir laços e tem papel
fundamental de perceber como os alunos se desenvolvem”, afirma
Elizabeth.
G1
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