Eu sei o que tenho que fazer para emagrecer. E por que não faço?
Antonio
Herbert Lancha Jr explica os mecanismos que nos fazem desistir de um
estilo de vida mais saudável – e ensina a driblá-los.
Nesta
semana, tivemos uma aula muito interessante dentro da disciplina de
Coaching de Bem-estar e Saúde, que desenvolvemos atualmente na Universidade de São Paulo (USP).
Aliás, esse curso, o único a abordar essa visão de atendimento do
profissional de saúde, é o primeiro no Brasil e, pelo que nos foi
informado, também o primeiro na América Latina – no fim do texto eu
explico brevemente no que ele consiste.
Enfim,
logo após um exercício onde associamos conhecimento com mudanças de
atitude, fomos gratificante-mente surpreendidos pelo comentário de um
aluno. Ele disse: “Eu já fiz vários cursos, estudei programação
neurolinguística e outras temáticas e não coloco esse conhecimento em
ação”.
Achei a observação tão rica que decidi trazê-la para essa coluna. Por que as pessoas que querem emagrecer não
emagrecem? Salvo algumas exceções, a maioria delas sabe o que precisa
fazer. Então, o que está acontecendo no planeta? Veja: nenhuma nação conseguiu, ao longo de 33 anos, reduzir a obesidade per capta, como já falamos isso aqui recentemente.
Consciência e planejamento
O fato é
que vivemos nossa vida no automático. Vou te dar um número: passamos 40%
do dia fazendo atividades de maneira quase inconsciente. Tomamos banho,
escovamos os dentes, trocamos de roupa, dirigimos nossos carros e,
pasme, comemos sem prestar atenção no que colocamos na boca.
As
urgências e as preocupações com o futuro fazem a mente viver
constantemente fora do aqui e agora, o que não combina com uma refeição
balanceada e mesmo saborosa. Falamos disso no livro O Fim das Dietas.
Ainda
assim, por que não tomamos as rédeas da vida quando realmente desejamos
algo para nós, como emagrecer? Duas são as variáveis apontadas pela
literatura:
1) Temos dificuldade de tirar a vida do automático. Mudar as atitudes requer um tempo de reprogramação. Você precisa estar presente em sua agenda todo dia.
2) Idealizamos as mudanças no estilo de vida como grandes projetos, e não como pequenos ajustes planejados
Explico melhor. Quando pensamos em emagrecer, vislumbramos um número enorme de tarefas. Você promete treinar todo dia, cortar da dieta os alimentos considerados vilões do emagrecimento – o que não existe –, preparar todas as refeições em casa, abolir os industrializados…
Claro que
adotar tudo isso junto não vingará. O projeto é maior que o seu
orçamento emocional pode pagar, principalmente no longo prazo.
Para não
sofrer, ajuste seu projeto para o realizável. Não está treinando? Então
comece usando as escadas do trabalho, ou suba um andar do seu prédio
para pegar o elevador. Não come fruta? Experimente comprar algumas no
mercado na próxima visita e, antes de ir dormir, coloque-as ao lado da
bolsa para servir como um lanchinho da tarde.
Resumindo,
faça pequenos gestos em direção à sua meta com os conhecimentos que
você já tem. E dê os primeiros passos agora. Na medida em que esse
projeto caminhar, ajuste com um profissional mais detalhes e acelere aos
poucos em direção ao seu sonho.
É como
uma viagem: você programa, faz as malas, enche o tanque do carro, pega a
estrada certa em direção ao seu destino e, depois de um tempo, chega
onde planejou. Todos os grandes projetos da humanidade começaram com os
pequenos movimentos.
A disciplina de Coaching de Bem-estar e Saúde
Nessa
visão, o paciente muda de status. Ele deixa de ser “paciente” e vira
“cliente”. Na área da saúde, essa última palavra às vezes causa
estranheza, mas a ideia é dar força e poder de decisão na condução de
sua própria saúde.
O
profissional de saúde se torna um aliado e parceiro de jornada. Ele não
abre mão do conhecimento adquirido, porém respeita a vontade do cliente
em receber ou não certas informações. E, acima de tudo, aprende a se
comunicar de forma não violenta.
Nenhum comentário
Deixe aqui o seu comentário!