Bolsonaro defende isenção de IR para até 5 salários mínimos e diz que não fará indicações políticas em ministérios
O
candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, afirmou
nesta segunda-feira (24) em entrevista à rádio Jovem Pan que, se eleito,
"não haverá espaço" para indicações políticas em ministérios.
A
entrevista foi gravada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde
Bolsonaro está internado, em recuperação de um atentado no qual foi
atingido por uma facada, durante evento de campanha no último dia 6 em
Juiz de Fora (MG).
Questionado
sobre críticas que o classificam como um "risco" à democracia, o
presidenciável afirmou que é um "risco aos esquemas deles", citando
indicações políticas.
"Essa
maneira, de não aceitar indicação política, como eu tenho conversado
com parlamentares, é uma maneira de resgatar, buscar o resgate da
credibilidade do deputado. Não tem como aceitar", declarou.
Segundo ele, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), um dos coordenadores da campanha, seria um "excelente" chefe da Casa Civil.
"Mas
não é indicação partidária, é mérito dele. Ele vestiu essa camisa
comigo. Ele passou por momento difícil, questão de saúde, é uma pessoa
adequada. Não é que a gente vai dar as costas para o parlamento."
O
candidato afirmou que fará um estudo "acurado" sobre privatizações de
estatais, mas que privatizar empresas estratégicas, como o Banco do
Brasil e a Caixa Econômica Federal, está "fora de cogitação".
"As estatais ociosas, com toda a certeza, serão privatizadas", disse.
Imposto de renda
Bolsonaro
defendeu a proposta de seu principal assessor econômico, Paulo Guedes,
que isenta do Imposto de Renda quem ganha até cinco salários mínimos.
Pela proposta, para quem ganha acima disso, será cobrada uma alíquota
única de 20%.
"A
proposta do Paulo Guedes do Imposto de Renda, eu até falei: 'Você está
sendo ousado'. A proposta dele é o seguinte: quem ganha até cinco
salários mínimos não paga imposto de renda. E, dali para frente, uma
alíquota única de 20%", disse o presidenciável.
Segundo o candidato, a medida geraria uma perda de arrecadação, mas daria "gás" às empresas e por isso, afirmou, compensa.
"A
União perderia arrecadação, sim, mas o gás que você daria para as
empresas, para os comerciantes, produtores rurais, para empregar gente,
desonerando a folha de pagamento, compensa e muito", afirmou Bolsonaro.
"Vamos
mexer na economia nessa área, sem sacrifício para ninguém. Se a
alíquota de 20% estiver alta para alguns, eu converso com o Paulo
Guedes. 'Ô Paulo, em vez de ser acima de cinco, 20; até 10, 15; e dali
para a frente'. Resolve essa parada aqui. Eu só falei uma coisa. Eu
falei: 'Paulo, eu só quero uma coisa: que a União arrecade menos'",
declarou.
Impacto da mexida proposta no Imposto de Renda
De acordo com dados da Receita Federal,
18,753 milhões dos brasileiros que declararam imposto de renda em 2017
(ano-calendário 2016) ganhavam até 5 salários mínimos mensais, o
equivalente a R$ 4.777. Este grupo ficaria isento pela proposta de
Bolsonaro. No ano passado, o governo federal arrecadou R$
153,98 bilhões com o pagamento de imposto de renda de pessoas físicas.
Desse total, R$ 3,612 bilhões representam a arrecadação da faixa de
renda até 5 salários mínimos.
Pela tabela em vigor hoje, estão
isentos do Imposto de Renda os contribuintes que recebem por mês até R$
1.903,98 [pouco menos que dois salários mínimos], descontada a
contribuição previdenciária. A partir desse valor, as retenções são
calculadas com base em alíquotas de 7,5%, 15%, 22,5% ou 27,5% sobre o
valor dos rendimentos, descontada a parcela dedutível (desconto fixo)
para cada faixa de rendimento. Hoje, a alíquota de 27,5% é a mesma para
todos os contribuintes que recebem mais de R$ 4.664,68. Ou seja, pela
proposta de Bolsonaro, quem hoje paga 7,5%, 15% ou 22,5% ficaria isento.
E quem paga 27,5% passaria a pagar apenas 20%.
Pela
proposta apresentada por Jair Bolsonaro, todos os que tiverem salários
acima de R$ 5.030 terão alíquota de 20% de imposto de renda - levando em
conta o salário mínimo de R$ 1.006 proposto pelo atual governo para
2019.
A
seguir, veja uma simulação de como será o pagamento de Imposto de Renda
em 2019 levando em conta a regra atual e o que Bolsonaro propôs:
- Quem ganha R$ 5.030: pagará R$ 527,39 (regra atual) ou R$ 0 (proposta de Bolsonaro);
- Quem ganha R$ 10 mil: pagará R$ 1.880,64 (regra atual) ou R$ 994 (proposta de Bolsonaro);
- Quem ganha R$ 20 mil: pagará R$ 4.580,64 (regra atual) ou R$ 2.944 (proposta de Bolsonaro);
- Quem ganha R$ 30 mil: pagará R$ 7.280,64 (regra atual) ou R$ 4.994 (proposta de Bolsonaro).
Os cálculos são da professora de
finanças do Insper Juliana Inhasz e não levam em conta possíveis
alterações nas deduções, já que o candidato falou apenas na mudança de
alíquota.
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