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300 famílias são expulsas de terreno em JP e defensor reclama: 'sem chances para o trabalhador'

Carrinho de mão e carroças puxadas por animais, foi assim que centenas de famílias retiraram seus pertences após a ordem de reintegração de posse da área localizada no bairro Paratibe/Muçumagro, caminho da Praia do Sol, em João Pessoa, na manhã desta quinta-feira (28).

Trezentas famílias vivem no local, onde já tinha sido realizada uma tentativa de reintegração de posse em maio de 2018, mas as pessoas voltaram. Desta vez, cerca de duzentos policiais militares (Choque, Bope, Canil e Ambiental) e Corpo de Bombeiros estiveram no local para garantir que os moradores sairiam.


Muitos não têm para onde ir, outros vão para a casa de familiares e amigos. João Batista, de 65 anos, é um dos moradores que estava retirando os pertences em um carrinho de mão. Ele disse que foi para o local não apenas para morar, mas para plantar. “A macaxeira já está grande, vou voltar para pegar, se eles deixarem entrar, mas o inhame só ia estar bom de arrancar em agosto”, lamentou.

Batista contou também que não chegou a construir uma casa de alvenaria e morava em um barraco: “Graças a Deus que não fiz, teve gente que investiu tudo o que tinha para construir casa de tijolo”, revelou.
As máquinas começaram o trabalho cedo, os barracos começaram a ser destruídos por volta das 5 horas. Em um vídeo que circula nas redes sociais, uma senhora se desespera porque deixou o gato de estimação dentro da moradia que estava prestes a ser destruída.

O defensor público, Fernando Enéas, que atendeu os moradores, criticou a ação da Justiça e alegou que a Defensoria não foi comunicada do fato. Ele disse que foi avisado por terceiros e tachou a decisão como injusta.

“O juiz não buscou entendimento com o pessoal, não buscou cientificar com a Defensoria Pública, já que se trata de vulneráveis. Ninguém pode ser julgado sem defesa”, declarou.
Enéas também afirmou que só tomou conhecimento da situação ontem e afirmou: “a ação foi tomada para não deixar nem um pedacinho de chance para os trabalhadores”.
O defensor revelou que vai recorrer ainda na tarde desta quinta-feira para pedir a relocação das pessoas. “Pedi ao juiz que expediu a decisão mais tempo para que as pessoas pudessem retirar os pertences, mas que foi negado”.

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