Polícia investiga mais um vereador suspeito de corrupção na Câmara do Conde, PB
Mais um vereador do Conde, no Litoral Sul da Paraíba, é investigado por
corrupção com uso de funcionários "laranjas" e "fantasmas" na Câmara
Municipal. Durante investigações de corrupção na Câmara de Vereadores do
Conde, pelo menos três pessoas denunciaram à Polícia Civil o
envolvimento do vereador Malbatahan Pinto Filgueiras Neto. A denúncia
foi divulgada, com exclusividade, no JPB 2 desta quarta-feira (17).
Em março, a investigação da Delegacia de Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil de João Pessoa apontou que um vereador da cidade, Fernando Araújo, conhecido como Fernando Boca Louca, contratava funcionários fantasmas e ficava com a maior parte dos salários dos servidores.
À produção da TV Cabo Branco,
por telefone, o vereador Malbatahan negou que esteja envolvido em
qualquer esquema e que tenha recebido parte de salários dos servidores.
Ele ainda afirmou que desafia qualquer pessoa a provar que ele esteja
envolvido.
Já o advogado de defesa do vereador Fernando Araújo, Wargla Dore,
informou que o vereador está colaborando com a polícia e que deu entrada
em uma petição, na Vara do Conde, para que o cliente possa fazer uma
delação premiada, mas ainda aguarda retorno.
Após isso, um novo nome suspeito surgiu. Segundo um morador da cidade,
Malbatahan Pinto Filgueiras Neto deu R$ 700 para ele no período
eleitoral, mas pediu o dinheiro de volta quando soube que ele votaria em
outra pessoa. No entanto, como ele já tinha gastado R$ 350, devolveu
apenas o restante.
Já uma mulher que trabalhou durante a eleição para Malba, como o
vereador é conhecido, contou que, depois, foi convidada para trabalhar
na Câmara, sob a condição de que ficaria com R$ 400. Ela afirmou que
ficou contratada por cerca de quatro meses e então pediu demissão.
Segundo a ex-assessora, nesse período ela não recebeu ou endossou
cheques e recebia a quantia em dinheiro, diretamente do vereador.
Um outro ex-assessor do parlamentar afirmou que tinha que dividir o
salário com outros cabos eleitorais do vereador, que ia buscar o
dinheiro na casa dele. No fim de 2018, ele pediu para sair do cargo.
Quando a investigação se tornou pública e ele foi chamado para depor,
foi procurado pela mulher e por um assessor de Malba.
Para o delegado da Delegacia de Combate ao Crime Organizado da Polícia
Civil de João Pessoa, Allan Murilo Terruel, o objetivo dessa aproximação
era fazer com que o ex-assessor mentisse ou negasse ser o autor de uma
gravação - que circulou nas redes sociais, sobre o esquema - durante o
depoimento.
Novos depoimentos
Conforme a Polícia Civil, mais pessoas procuraram a delegacia, depois
que a investigação foi divulgada, em março. O vereador Fernando Araújo,
conhecido como Fernando Boca Louca, confessou que a prática era comum e
que, desde 2017, fez isso com pelo menos cinco assessores.
Segundo a Polícia, o parlamentar afirmou ainda que, em alguns casos,
ele mesmo pegava na Câmara Municipal os cheques nominais para o
pagamento dos assessores e depois depositava na própria conta. Para
isso, endossava os cheques, falsificando a assinatura dos assessores.
O tesoureiro da Câmara declarou que, às vezes, eram os vereadores que
retiravam os cheques e que em outras eram os assessores. Para o delegado
Allan Murilo Terruel, a forma como esse pagamento era feito não
permitia um controle sobre quem retirava ou quem ficava com o dinheiro.
No dia 8 de abril, o suplente de vereador, Flávio Melo de Souza,
encaminhou à Câmara um pedido de cassação contra Fernando, por quebra de
decoro parlamentar. A Câmara acatou o pedido e deve formar uma comissão
processante. Sobre isso, o advogado de Fernando, Wargla Dore, informou à
produção da TV Cabo Branco que ainda não tomou conhecimento sobre o conteúdo do pedido e que o parlamentar ainda não foi citado na câmara.
As investigações iniciaram no ano passado, após uma uma denúncia de que
uma beneficiária do Programa Bolsa Família estava trabalhando na Câmara
Municipal do Conde. A equipe do programa esteve na casa da suposta
funcionária pública e lá descobriu que a mulher não trabalhava, nem
ficava com o salário de R$ 900. Isso porque a beneficiária devolvia o dinheiro para o vereador Fernando Araújo, o Fernando Boca Louca, e ficava apenas com R$ 100.
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