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“Sou da geração que é apaixonada pela revolução cubana”, diz ex-presidente Lula


O impasse entre Brasil e Cuba com a ameaça de suspensão do programa “Mais Médicos”, que importava profissionais de vários países, principalmente da ilha onde pontificou Fidel Castro, é um golpe doloroso para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atualmente cumprindo prisão na Polícia Federal em Curitiba, acusado de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. O líder petista foi o grande mentor da vinda de médicos cubanos para o Brasil. No livro “Dicionário Lula”, de Ali Kamel, com pesquisa de Rodrigo Elias, é mencionada uma entrevista de Lula no Espírito Santo, em fevereiro de 2008, na qual ele diz ser da geração apaixonada pela revolução cubana, acrescentando nutrir um carinho especial por Fidel, já falecido.
Lula disse, na entrevista, que visitava Cuba desde 1985 e que houve períodos em que ele ia a Cuba todo ano. “Eu tenho um profundo respeito pelo povo cubano, acho que é o povo mais politizado do planeta Terra. Acho que tem poucos países no que durante a História tiveram o privilégio de ser politizados. Nós estamos estudando o projeto de fazer uma grande carreteira em Cuba, uma grande rodovia. Estamos ajudando na construção de um laboratório de remédios e o Brasil quer que Cuba decida o seu destino da melhor forma possível. O Brasil espera que os cubanos de Miami (dissidentes de Fidel) não tentem fazer nenhuma bobagem”, frisou. Para o ex-presidente brasileiro, a elevada politização do povo cubano devia-se ao alto grau de escolaridade, o que possibilitava à ilha competir com qualquer país do mundo. Falando à revista alemã “Der Spiegel”, Lula defendia que fossem criadas, aos poucos, as condições que Cuba pudesse dar um salto de qualidade extraordinária no seu desenvolvimento.
O ex-mandatário brasileiro, questionado se em alguma ocasião, nos encontros com Fidel, abordou a questão do desrespeito aos direitos humanos em Cuba, admitiu que tratara do tema juntamente com o ex-ministro José Dirceu e Frei Betto, que compunham sua comitiva. “Eu passei a minha vida inteira lutando por liberdade democrática. Ela vale para mim, vale para Cuba, vale para Paris, vale para todo mundo. Agora, não me cabe interferir. Cabe-me apenas dizer ao chefe de Estado como é que eu acho que deveria trataras coisas”, externou, de outra feita. Para Lula, era óbvio que o governo cubano fez opção de investimento em setores sagrados, ligados à educação, à saúde e ao esporte e que há muitas décadas os cubanos colhiam aquilo que haviam plantado. “Se dependesse de mim, Cuba viveria no regime mais democrático do mundo, como nós vivemos aqui. Não depende de mim e eu tenho que, pelo menos, permitir que os cubanos, na sua soberania, tenham autodeterminação”, emendou Lula.
– Nem na revolução cubana os trabalhadores chegaram ao poder, nem na revolução cubana os trabalhadores chegaram ao governo. E no Brasil, pela via democrática, com debate político, eu fui eleito. Então eu acho que isso pode despertar em outros trabalhadores, no mundo inteiro, a vontade de acreditar como eu acreditei- teorizou Lula. E emendou: “O nosso país, durante quinhentos anos, ficou olhando para a Europa. Está na hora de olhar para a África e a América do Sul”. Lula protestou contra o bloqueio econômico imposto a Cuba, sobretudo pelos Estados Unidos, prejudicando o povo do território cubano. No lançamento de um programa de saúde bucal, o ex-presidente disse para o então ministro da Saúde, Humberto Costa, que o Brasil estava atrasado na Saúde nas mínimas coisas, inclusive, nos aparelhos para corrigir os dentes. “Lá em Cuba, qualquer criança pobre pode colocar esses negócios nos dentes”, discursou.
O ex-presidente informou, em outra solenidade, que o Brasil tinha interesse em ajudar os cubanos a descobrir se havia petróleo em águas profundas, até pelo fato de Cuba ficar muito próxima do Golfo do México. E vaticinou que, na área da Saúde, iriam ser assinados muitos acordos, tanto para reconhecer os médicos brasileiros formados em Cuba quanto para ajudar a construir laboratórios ali. “Acho que tudo o que o Brasil puder fazer para ajudar os países da América Central e do Caribe, nós temos de fazer”, reiterou, de forma enfática, Lula da Silva. As relações dos governos petistas com o regime cubano, na Era Castro, foram produtivas, tanto com Lula como com Dilma Rousseff, segundo afirmou o ex-ministro José Dirceu, que se mantém preso por acusações que o incriminaram na Operação Lava-Jato. Com informações osGuedes.

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